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Os componentes da Assertividade

Não é exagero dizer que todos querem ser assertivos. A Assertividade é o equilíbrio entre a passividade e a agressividade. Como falamos no artigo anterior (Como ser assertivo no ambiente empresarial), tanto as pessoas agressivas afastam os outros de si, por, muitas vezes, querer impor seus pensamentos e seus direitos, como as pessoas passivas também se tornam desinteressantes por não fazer valer seus direitos, não expressarem suas opiniões e vontades, deixando próximo de si, somente as pessoas agressivas.


A assertividade possui elementos que podem ser analisados para que se possa entender detalhadamente o que é e como inserir a assertividade como um comportamento natural em você. Para isso, vamos analisar cada um desses elementos.


Falaremos nesse artigo de situações específicas do mundo empresarial, mas você pode adaptá-las para qualquer aspecto de sua vida e ser assertivo em todos os ambientes que você frequenta.



Faça valer seus direitos, mas dê ao outro a chance de ter os direitos respeitados


O que diferencia uma pessoa assertiva das agressivas ou passivas é que a primeira sabe fazer com que seus direitos sejam respeitados por ser também humano, importante e de igual valor diante de qualquer outra pessoa. E isso é feito sem que desrespeite os direitos do outro.


Vejamos uma situação onde a assertividade é aplicada dessa forma:


João é membro de uma equipe bem enxuta em uma empresa de médio porte. João vem se destacando por sua dedicação, eficiência e eficácia no desenvolvimento de suas atividades e é sempre muito requisitado por sua líder, Marisa. Mas João ocupa um cargo de assistente e, entre ele e sua líder, existem outras duas analistas, cargo hierarquicamente superior ao de João.


Como a equipe é enxuta e o volume de trabalho é muito grande, João acaba desempenhando atividades não só do cargo de assistente, mas também do cargo de analista, sem ter a sua remuneração equiparada. Até certo ponto, isso é bom para João, porque além de se destacar, também aprende muito.


Porém, para que João seja promovido, a empresa exige que tenha formação em nível superior. Só que pelo volume de trabalho ser muito elevado, João precisa fazer horas extras frequentemente, incompatibilizando seus horários de trabalho e faculdade.


João se encontra em um verdadeiro dilema. Ele precisa do emprego e sabe que tudo o que realiza será muito importante para o seu histórico profissional.


João então decide chamar sua líder, Marisa, para uma conversa sobre sua situação. Vejamos a abordagem assertiva de João nessa conversa com Marisa:


“Marisa, eu tenho gostado muito de trabalhar nessa empresa e também da equipe com a qual trabalho. Gosto também de sua forma de liderar a equipe. Porém, encontro-me sob um dilema: Para que eu possa aumentar a minha contribuição para a empresa, preciso concluir a minha graduação, porém, com a necessidade de realizar as horas extras para a conclusão dos trabalhos, está acontecendo uma incompatibilidade de horários entre o trabalho e a minha faculdade. Para resolver tal questão, gostaria de propor que haja uma melhor distribuição das atividades ou, na impossibilidade de que isso ocorra, proponho que eu tenha autorização de entrar mais cedo, ao invés de sair mais tarde. O que você acha?”


Perceba que em momento nenhum João personalizou o problema, dizendo, por exemplo, que era uma marcação de sua líder com ele. Em sua abordagem João também propõe duas alternativas para solucionar o problema, ao invés de apenas levar o problema para sua líder solucionar. As alternativas propostas por João também deixam claro que ele pretende estabelecer uma relação ganha-ganha com a empresa e com sua equipe. Ele não procurou uma solução onde apenas a necessidade (ou o direito de concluir a sua graduação) fosse atendida. E o desfecho que João deu à sua fala (“O que você acha?”) dá o espaço de Marisa expor o seu ponto de vista e também fazer valer os seus direitos enquanto líder da equipe.


Expresse emoções negativas sem personalizar o problema


Ser assertivo na ambiente empresarial também passa por saber expressar sua insatisfação ou alguma emoção negativa causada por situações no dia a dia de trabalho sem trazer o problema para o lado pessoal. Vejamos outra situação onde as emoções negativas são expostas de forma assertiva.


Janaína e Gabriela trabalham em setores diretamente interdependentes em uma empresa. Para que Gabriela possa realizar o seu trabalho de forma correta, ela utiliza informações em um banco de dados que é alimentado por Janaína. Porém, Gabriela tem encontrado dificuldades na realização de suas atividades devido a má qualidade dos dados inseridos no sistema por parte de Janaína. Isso tem provocado erros de cálculos e, consequentemente, gerado insatisfação nos clientes, que têm ligado frequentemente para Gabriela gerando um retrabalho evitável se os dados fossem inseridos com mais qualidade. Essa situação tem deixado o chefe do departamento de Gabriela insatisfeito, o que já gerou certo atrito entre os dois e tem deixado Gabriela também com uma sobrecarga de estresse.. E agora, como Gabriela pode resolver a questão? Como fazer com que Janaína entenda que precisa melhorar a qualidade do seu serviço, sem trazer o problema para o lado pessoal? Vejamos uma conversa entre as duas no momento do cafezinho:


Gabriela aproveita o momento de descontração junto à máquina de café e aborda Janaína.


“Janaína, tenho recebido ligações de vários clientes insatisfeitos por erro nos cálculos que eles têm recebido. Isso tem afetado a minha relação com o meu chefe, gerando um desgaste que não ocorria antes. Tenho percebido que esses erros ocorrem porque os dados inseridos no banco de dados estão vindo de forma incompleta. Eu gostaria de prestar um melhor serviço aos clientes, enviando para eles os cálculos corretos já na primeira remessa. Eu gostaria de propor ao seu departamento que estabeleça um processo de revisão desses dados para que a empresa possa melhorar a sua imagem diante dos clientes e assim, também, evitando que tenhamos um retrabalho ao ter que refazer os cálculos. Você poderia levar essa sugestão ao seu chefe?”


Observe que em momento nenhum Gabriela levou a questão para o lado pessoal com frases como “Você tem me enviado os dados todos errados pelo sistema” ou ainda “Eu estou muito estressada com o meu chefe porque você está prejudicando meu trabalho”. Ela manteve a conversa no âmbito empresarial, demonstrando preocupação com a satisfação dos clientes e também com a melhora no fluxo do trabalho, evitando que a mesma atividade tenha que ser realizada por mais de uma vez. Tudo isso, sem deixar de demonstrar que estava insatisfeita com o atrito gerado entre ela e seu chefe (isso fica claro na frase “Isso tem afetado a minha relação com o meu chefe, gerando um desgaste que não ocorria antes".). E, ao propor um fluxo de revisão dos dados, pedindo que Janaína leve a proposta ao chefe do departamento, Janaína deixa claro que a relação estabelecida na conversa é profissional e deixa subentendido um recado: “Estou disposta a levar essa situação à chefia do seu setor”. Com certeza, Janaína irá ter mais atenção no momento de inserir os dados no sistema e dificilmente deixará que a questão chegue ao seu chefe. E as duas continuarão amigas dentro e fora do ambiente de trabalho, pois não houve personalização do problema.


Questione, discorde e recuse sem parecer infantil


Uma pessoa assertiva sabe como utilizar o “por quê” para questionar sem parecer rebelde. Ao ser assertivo, o questionamento deve ter o propósito e a responsabilidade de melhorar as coisas. Vamos a mais uma situação em um ambiente de trabalho.


Jéssica é auxiliar financeiro em uma rede de lojas que vende eletrodomésticos. Uma de suas atividades é a emissão de notas fiscais. Vera, que é a responsável pelo setor financeiro da empresa, definiu que Jéssica, ao emitir uma nota fiscal de venda de um produto, faça o back-up diários das notas e, além disso, salve as notas no formato .pdf. Jéssica não entende porque tem que salvar em pdf se já existe o back-up diário. E, com o tempo, percebeu que se não precisasse realizar essa segunda etapa, teria mais tempo para desempenhar suas outras atividades, evitando uma sobrecarga de trabalho. Jéssica é uma pessoa bastante assertiva e se sentia incomodada de realizar uma atividade sem entender qual benefício isso trazia para o dia a dia da empresa. Estava esperando apenas um momento propício de questionar a ordem dada por Vera. Até que um dia, uma cliente, Dona Helena, solicitou a segunda via da nota fiscal de uma televisão que havia comprado naquela mesma semana. Foi um corre-corre para encontrar a nota fiscal da cliente e, nem mesmo, a precaução de salvar a nota em pdf foi capaz de solucionar rapidamente a demanda da cliente. Era o momento que Jéssica esperava. Após solucionar o problema, Jéssica pediu uma conversa com Vera.


“Vera, eu entendo a necessidade de termos um back-up diário das notas fiscais emitidas por nossa empresa. É uma segurança para a empresa e para os nossos clientes. Contudo, em todo esse tempo que trabalho como auxiliar financeiro não consegui entender a necessidade de salvarmos as notas ficais em pdf. Lembra do caso da Dona Helena? Só conseguimos emitir a segunda via da nota através do back-up diário, pois a procura nos arquivos em pdf se mostrou ineficaz. Entendo também que poderia dedicar esse tempo a outras atividades que tenho que realizar e estou sentindo que, com mais tempo, poderia melhorar o desempenho. Então, por favor, me explique por que tenho que salvar as notas no formato pdf além de fazer o back-up diário?"


Veja que na sua fala, Jéssica questiona a autoridade de Vera e discorda, através de uma demonstração de um caso real, que a atividade designada por Vera ajuda em nada a solucionar possíveis problemas como o de D. Helena. Ao dizer “Entendo também que poderia dedicar esse tempo a outras atividades que tenho que realizar...” Jéssica deixa entendido que há uma propensão a recusar a continuidade dessa atividade. Em momento nenhum Jéssica deu abertura para que Vera achasse que seu questionamento é incoerente. Ela levou um caso real para confirmar o que ela dizia.


E assim encerramos a análise dos elementos da assertividade, esperando que tenha ficado bem claro, através da demonstração de situações que ocorrem corriqueiramente no ambiente corporativo, que é possível fazer valer os seus direitos, dar oportunidade para que os direitos do outro também sejam respeitados, resolver conflitos, expressar emoções negativas e questionar a autoridade, discordar e recusar sendo assertivo, profissional e maduro nas sua abordagens.


Lembro que nesse artigo, colocamos situações do ambiente empresarial, mas você pode adaptar essas situações para todos os aspectos de sua vida e fazer da assertividade um comportamento frequente no seu dia a dia.


Vale ressaltar também que a assertividade não deve ser exclusiva daqueles que ocupam cargos operacionais ou da base da pirâmide hierárquica. Os líderes também têm obrigação de serem assertivos, principalmente, nos momentos dedicados ao feedback.


Falaremos mais sobre assertividade com uma série de vídeos onde vamos indicar quatro passos que implementam a assertividade em praticamente qualquer situação.


Tenha certeza de que o Coaching pode te ajudar a ser mais Assertivo no seu ambiente de trabalho e nas suas relações em geral.


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